Precisamos de construir um movimento no espírito da luta contra a reforma das pensões, que combine a força considerável do movimento laboral organizado, graças à arma da greve reconduzível, com a vontade corajosa e inspiradora de lutar por mudanças fundamentais em benefício dos jovens e das pessoas oprimidas, o que pode estimular a luta de classes como um todo.
Ocupações de escolas em todo o mundo, com mais de 30 nos EUA e em vários outros países indicam o poder das massas para impedir o massacre. Nos últimos meses, trabalhadores de transportes e médicos em Espanha, Bélgica, Itália e muitas outras regiões lideraram greves e recusaram-se a enviar remessas militares para Israel. Também em Portugal precisamos de construir um movimento dos trabalhadores que apoie as ocupações e se junte à luta contra o massacre.
Embora seja correto, dada a falta de alternativa, viabilizar um governo do PS para impedir um governo de Direita, e não seja mentira que os anos da Geringonça (2016-2019) trouxeram melhores notícias para a classe trabalhadora que os últimos anos, há que retirar as devidas lições dessa experiência.
A 31 de Outubro, os sindicatos belgas do setor dos transportes declararam recusar transportar armas destinadas a Israel, e, em particular, ao genocídio em Gaza. Desde então, outros seguiram o exemplo. Estivadores e sindicatos na Catalunha e em Génova, em Itália, travaram envios para Israel. Na Austrália, centenas de sindicalistas e manifestantes ocuparam portos e forçaram um navio Israelita a alterar a rota. Nos EUA e no Reino Unido, houve bloqueios vários a navios militares e fábricas de armamento, incluindo a INKAS, a BAE Systems e a Elbit Systems. As ações dos trabalhadores e da juventude contra o envio de armas a Israel e contra o massacre em Gaza são urgentes e devem ser generalizadas e intensificadas.
Todos os que lutam, incluindo BE e PCP, devem aprender com os erros da Geringonça, rejeitar a conciliação de classes, procurar unir-se numa única frente e constituir uma verdadeira alternativa política, em torno de um programa que parta dos interesses, reivindicações e lutas da classe trabalhadora e assuma uma ruptura com a lógica capitalista da necessidade de lucro e com as suas instituições. Esse programa deverá ser o exigível para a eventual viabilização de um futuro governo, mas também, e sobretudo, o mínimo por que não se abdicará de lutar no próximo período, com unidade e organização democrática, seja qual for o governo.
Para pressionar o Governo e defender e reforçar o SNS e o seu caráter público, universal e gratuito, devemos construir um movimento massivo que una trabalhadores da saúde à restante classe trabalhadora e aos utentes em geral. As reivindicações em defesa do SNS devem ser reivindicações de todos os profissionais de saúde e as greves devem ser unitárias, construídas por todos os trabalhadores da saúde pela base. A eficácia das greves pode ser aumentada pelo envolvimento e a solidariedade de outros setores da classe trabalhadora. O planeamento e escalamento de greves intersetoriais, em defesa do SNS e dos serviços públicos, poderá ser fundamental para ganhar as batalhas que se travam.
A situação mostra o potencial para unir as lutas atuais através de um plano de greves intersetoriais que defendam os serviços públicos, os salários e casas em boas condições para todos com mais eficácia.