Só através da auto-organização política da classe trabalhadora e da juventude palestiniana, em ação conjunta com a classe trabalhadora organizada do Médio Oriente e do Norte de África, será possível enfrentar o imperialismo e os regimes capitalistas — bem como aqueles que traíram a luta palestiniana ao longo da sua história — e construir um verdadeiro movimento revolucionário pela libertação da Palestina.
É por isso que a solidariedade internacional é absolutamente crucial e precisa de ser reforçada. A máquina de guerra imperialista-sionista, responsável pelo genocídio, tem de ser travada para que o povo palestiniano possa realizar a sua própria libertação. A sua vitória seria uma vitória para a classe trabalhadora e para os oprimidos de todo o mundo.
A França está em turbulência. A esperada queda de Bayrou, a 8 de setembro, não arrefeceu o ânimo para a mobilização “Vamos bloquear tudo” dois dias depois, já que as questões em jogo são muito mais profundas. Pelo contrário, na noite de segunda-feira, as pessoas reuniram-se em frente às câmaras municipais para celebrar e preparar as ações de quarta-feira, vistas como um ensaio para o dia de greve de 18 de setembro.
Pela primeira vez na história do Brasil, aqueles que lideraram uma tentativa de golpe, neste caso fracassado, foram julgados e condenados pelos seus crimes. Num país com uma longa história de golpes e também de impunidade a esses golpistas, as condenações são motivos de comemoração, especialmente de todas as pessoas que sofreram diretamente por conta dessa escória e que esperavam punição a Bolsonaro e aos seus seguidores. Por outro lado, não podemos colocar toda nossa confiança no STF e temos que lembrar que a única forma de garantir que a sentença seja realmente aplicada é com pressão de baixo, mobilização e lutas da nossa classe.
Mal tinham passado duas semanas desde que a Indonésia explodira em protestos de massas, e já é agora a vez do Nepal enfrentar a fúria da sua juventude.
Na segunda-feira, 9 de setembro, Katmandu e outras grandes cidades —incluindo Pokhara, Butwal, Bharatpur, Itahari, Biratnagar, Janakpur, Hetauda e Nepalgunj— foram varridas por uma vaga de manifestações, convocadas por grupos que se identificam como “Geração Z”, após o governo liderado por KP Sharma Oli ter imposto de um dia para o outro a proibição de 26 plataformas de redes sociais.
A destruição do Estado de Apartheid israelita não é apenas responsabilidade dos trabalhadores da Ásia Ocidental. É ainda mais responsabilidade dos trabalhadores das potências imperialistas que criaram, apoiaram e armaram Israel para defender o seu saque da região. A menos que as organizações operárias lutem pela libertação da Palestina, não serão capazes de lutar de forma eficaz pela verdadeira libertação dos seus próprios membros.
Estas mobilizações expressaram não apenas indignação perante os “excessos” parlamentares, mas uma raiva profunda contra um sistema assente em desigualdades estruturais, na pilhagem das elites e no crescente autoritarismo do Estado – tudo à custa dos milhões que lutam para sobreviver. As instituições do regime são vistas como tão apodrecidas e indignas de confiança que os manifestantes têm exigido “Bubarkan DPR” — a dissolução do próprio Parlamento.
No meio dos tiroteios e bombardeamentos implacáveis e indiscriminados que aterrorizam o povo de Gaza, o Estado de Israel gerou a fome, tornando Gaza aquilo que as Nações Unidas chamaram de “o lugar mais faminto da Terra”, onde “a fome bate a todas as portas”. Pelo menos 113 pessoas morreram de fome, número que só aumentará nas próximas semanas se o regime sionista, apoiado pelo imperialismo dos EUA, mantiver o bloqueio total da Faixa.
Os trabalhadores, com o apoio e facilitação dos sindicatos, devem unir-se para discutir como podem agir, incluindo a recusa em manusear todos os bens e serviços israelitas e os produtos de quaisquer empresas cúmplices no genocídio.
As sondagens mostram que uma nova formação de esquerda pode representar uma ameaça real para o Partido Trabalhista. 140.000 pessoas inscreveram-se nas primeiras 10 horas. A votação do Partido Trabalhista em 2017, sob a liderança de Corbyn, foi de mais 3,2 milhões de votos do que a “esmagadora” eleição de Starmer em 2024. Curiosamente, antes mesmo de ter sido formado, as sondagens indicam que entre 10 a 18% dos eleitores disseram que apoiariam o novo partido.
Começaram manifestações contra a guerra a nível internacional, muitas das quais se fundirão com a luta contra o genocídio contínuo em Gaza, e podem também inspirar-se no movimento “Mulher, Vida, Liberdade”.
A declaração de quatro prisioneiras políticas — Reyhaneh Ansari, Sakineh Parvaneh, Verisheh Moradi, Golrokh Iraee — contrabandeada para fora da notória prisão de Evin, inspirará os protestos. Diz assim:
“A nossa libertação, a libertação do povo do Irão da ditadura governante, só é possível através da luta massiva e pelo recurso às forças sociais — e não por colocar as nossas esperanças em potências estrangeiras. Estas potências — movidas pela exploração, colonialismo, belicismo e assassinato em massa — trouxeram sempre devastação a esta região. E para nós, não trarão senão novas formas de destruição e colonialismo moderno.”
Esta caravana é um ato importante — uma prova de que os povos do Norte de África recusam manter-se em silêncio perante o genocídio. Pode ajudar a galvanizar o tipo de ação de massas, popular e transfronteiriça necessária para quebrar o cerco a Gaza.
Na Tunísia, na Argélia e em todo o Magrebe, os sindicatos de trabalhadores e estudantes e os movimentos sociais devem aproveitar este momento para coordenar e intensificar ações nos seus próprios países.
Em toda a região, é urgente transformar esta caravana num ponto de partida para um movimento mais amplo, organizado e enraizado de solidariedade da classe trabalhadora e da juventude com a Palestina — um movimento que desafie o sionismo, o imperialismo e todos os regimes capitalistas árabes que os sustentam.