Só através da auto-organização política da classe trabalhadora e da juventude palestiniana, em ação conjunta com a classe trabalhadora organizada do Médio Oriente e do Norte de África, será possível enfrentar o imperialismo e os regimes capitalistas — bem como aqueles que traíram a luta palestiniana ao longo da sua história — e construir um verdadeiro movimento revolucionário pela libertação da Palestina.
É por isso que a solidariedade internacional é absolutamente crucial e precisa de ser reforçada. A máquina de guerra imperialista-sionista, responsável pelo genocídio, tem de ser travada para que o povo palestiniano possa realizar a sua própria libertação. A sua vitória seria uma vitória para a classe trabalhadora e para os oprimidos de todo o mundo.
A destruição do Estado de Apartheid israelita não é apenas responsabilidade dos trabalhadores da Ásia Ocidental. É ainda mais responsabilidade dos trabalhadores das potências imperialistas que criaram, apoiaram e armaram Israel para defender o seu saque da região. A menos que as organizações operárias lutem pela libertação da Palestina, não serão capazes de lutar de forma eficaz pela verdadeira libertação dos seus próprios membros.
No meio dos tiroteios e bombardeamentos implacáveis e indiscriminados que aterrorizam o povo de Gaza, o Estado de Israel gerou a fome, tornando Gaza aquilo que as Nações Unidas chamaram de “o lugar mais faminto da Terra”, onde “a fome bate a todas as portas”. Pelo menos 113 pessoas morreram de fome, número que só aumentará nas próximas semanas se o regime sionista, apoiado pelo imperialismo dos EUA, mantiver o bloqueio total da Faixa.
Os trabalhadores, com o apoio e facilitação dos sindicatos, devem unir-se para discutir como podem agir, incluindo a recusa em manusear todos os bens e serviços israelitas e os produtos de quaisquer empresas cúmplices no genocídio.
Frantz Fanon escrevia com convicção. As suas afirmações eram ousadas, categóricas e desafiadoras. A sua voz continua a soar clara hoje, seja em protesto contra o racismo ou em apoio aos povos que lutam pela liberdade.
Começaram manifestações contra a guerra a nível internacional, muitas das quais se fundirão com a luta contra o genocídio contínuo em Gaza, e podem também inspirar-se no movimento “Mulher, Vida, Liberdade”.
A declaração de quatro prisioneiras políticas — Reyhaneh Ansari, Sakineh Parvaneh, Verisheh Moradi, Golrokh Iraee — contrabandeada para fora da notória prisão de Evin, inspirará os protestos. Diz assim:
“A nossa libertação, a libertação do povo do Irão da ditadura governante, só é possível através da luta massiva e pelo recurso às forças sociais — e não por colocar as nossas esperanças em potências estrangeiras. Estas potências — movidas pela exploração, colonialismo, belicismo e assassinato em massa — trouxeram sempre devastação a esta região. E para nós, não trarão senão novas formas de destruição e colonialismo moderno.”
Uma Palestina livre — o fim da ocupação, das leis do apartheid, das colónias de povoamento e da supremacia racial, e o reconhecimento do direito de regresso dos refugiados palestinianos à sua terra natal histórica.
Para além de apoiar firmemente estas reivindicações, argumentamos que elas são incompatíveis com a existência de um Estado sionista colonizador de povoamento; esse Estado tem de ser derrubado e desmantelado. As questões que se colocam são: será isso possível, dadas as actuais correlações de forças? Quem tem o poder de enfrentar um Estado tão militarizado e os seus aliados imperialistas? E, se for possível, que tipo de solução poderá garantir uma libertação genuína e uma paz duradoura para todos?
Por mais exigente que seja, elaborar uma solução viável e uma estratégia e tácticas para a concretizar pode trazer a esperança necessária para a causa palestiniana. Aqui, oferecemos as linhas gerais de uma perspetiva marxista sobre estas questões, como contributo para este movimento vital.
Esta caravana é um ato importante — uma prova de que os povos do Norte de África recusam manter-se em silêncio perante o genocídio. Pode ajudar a galvanizar o tipo de ação de massas, popular e transfronteiriça necessária para quebrar o cerco a Gaza.
Na Tunísia, na Argélia e em todo o Magrebe, os sindicatos de trabalhadores e estudantes e os movimentos sociais devem aproveitar este momento para coordenar e intensificar ações nos seus próprios países.
Em toda a região, é urgente transformar esta caravana num ponto de partida para um movimento mais amplo, organizado e enraizado de solidariedade da classe trabalhadora e da juventude com a Palestina — um movimento que desafie o sionismo, o imperialismo e todos os regimes capitalistas árabes que os sustentam.
Mas o que era, afinal, a Política Militar Proletária? A capitulação em França revelou a incapacidade dos Estados-nação capitalistas de garantir o que os trabalhadores necessitavam: proteção contra invasões, ocupações e repressão fascista. Os capitalistas temem armas nas mãos da classe trabalhadora! Os revolucionários deveriam denunciar esta realidade e exigir o armamento da classe trabalhadora enquanto classe. Opondo-se tanto à guerra imperialista como ao pacifismo, a Quarta Internacional resistiu às pressões para declarar uma ‘trégua de classe’ durante a guerra.
A máxima marxista de que nenhuma nação pode ser livre se oprimir outras nações deve valer na luta revolucionária contra o militarismo e a guerra que caracterizam esta fase avançada do capitalismo. A classe trabalhadora dos países imperialistas deve erguer-se contra as intenções bélicas das suas burguesias locais e, lutando pela sua própria emancipação, associar-se às lutas nacionais dos povos oprimidos: contra a espoliação dos recursos naturais da Ucrânia, contra o genocídio do povo palestiniano, contra todas as tentativas de subjugar a vontade dos povos à ganância parasitária da burguesia.
Enquanto os mercados bolsistas afundam e – se não resistirmos com protestos e greves em massa – os padrões de vida caem a pique nesta crise, a classe trabalhadora e os pobres em todo o mundo não podem apoiar nenhum dos lados desta guerra comercial desastrosa. Ela é um produto do capitalismo e das suas crises, e nenhuma solução pode vir dos capitalistas.
Precisamos de defender a solidariedade internacional dos trabalhadores e oprimidos, contra o nacionalismo das diversas classes dominantes, e lutar com ações de massas e greves contra os patrões famintos de lucro, contra o seu sistema e contra o protecionismo pró-capitalista.