Quer se trate de assegurar o investimento necessário na habitação, nos serviços ou na ação climática, quer se trate de resistir à austeridade em caso de recessão, a classe trabalhadora e os jovens têm de se organizar - nas comunidades, nos locais de trabalho e nas universidades. Para além de lutarmos pelos nossos padrões de vida e direitos, temos de acabar com a ameaça de divisão e discriminação, tanto por parte do establishment como da extrema-direita.
Foi um choque político. Pela primeira vez na história do Sri Lanka, as eleições presidenciais foram ganhas por um candidato do partido nacionalista de esquerda JVP (Frente Popular de Libertação), um partido que reivindica o marxismo e que surgiu nos anos 70 como uma tendência pró-China. A crise dos dois partidos tradicionais do Sri Lanka, o conservador UNP (United National Party) e o SLFP (Sri Lanka Freedom Party), com as suas cisões e reagrupamentos, continua. Após o movimento de protesto em massa em 2022, a mudança foi agora escolhida. A questão é: que mudança virá?
As bolsas de valores acolheram a vitória de Trump. Os receios de caos desapareceram com um resultado eleitoral tão claro. Os mercados assumem, com razão, que Trump vai continuar a defender os interesses do grande capital. Se isso será feito com uma retórica brutal e um ódio mais brutal ou com uma versão educada e menos aberta, não lhes interessa.
Temos de continuar os nossos protestos para acabar com o genocídio; manter a pressão sobre quem quer que se sente no cargo para restaurar os direitos nacionais ao aborto; lutar por cuidados de saúde e habitação socializados e por tudo o que precisamos para viver. Desde os acampamentos universitários em solidariedade com a Palestina, que inspiraram um movimento global, às novas camadas de trabalhadores que testam o seu poder entrando em greve, aos jovens que organizam a ajuda mútua nas suas comunidades, é evidente que muitos estão a lutar fora da política oficial para encontrar uma forma de construir e lutar pelo mundo de que precisamos.
Votar à esquerda não é uma alternativa à luta. É preciso construir um movimento no espírito da luta contra a reforma das pensões, que combine a força considerável do movimento operário organizado, graças à arma da greve reconduzível, com a vontade corajosa e inspiradora de lutar por mudanças fundamentais em benefício dos jovens e dos oprimidos, que pode estimular a luta de classes como um todo.
A oposição à UE é possível por uma força internacionalmente coordenada da classe trabalhadora, organizada nas ruas, bairros, fábricas, escolas e locais de trabalho, focada nas preocupações concretas da população trabalhadora e englobando as lutas feministas, antirracistas, queer, antiguerra e ambientalistas, que reconheça que fazer frente às crises económica, social e ambiental exige romper com as regras da UE e com o sistema capitalista e que proponha uma planificação democrática à escala europeia, uma Europa de estados socialistas, parte de um mundo socialista.
Todos os que querem evitar a aplicação dos planos da Direita e da extrema-direita deverão votar, como em eleições anteriores, na Esquerda parlamentar sem ilusões quanto a poder resolver os problemas da classe trabalhadora através do voto.
Embora seja correto, dada a falta de alternativa, viabilizar um governo do PS para impedir um governo de Direita, e não seja mentira que os anos da Geringonça (2016-2019) trouxeram melhores notícias para a classe trabalhadora que os últimos anos, há que retirar as devidas lições dessa experiência.
Todos os que lutam, incluindo BE e PCP, devem aprender com os erros da Geringonça, rejeitar a conciliação de classes, procurar unir-se numa única frente e constituir uma verdadeira alternativa política, em torno de um programa que parta dos interesses, reivindicações e lutas da classe trabalhadora e assuma uma ruptura com a lógica capitalista da necessidade de lucro e com as suas instituições. Esse programa deverá ser o exigível para a eventual viabilização de um futuro governo, mas também, e sobretudo, o mínimo por que não se abdicará de lutar no próximo período, com unidade e organização democrática, seja qual for o governo.
Depois da vitória da Direita nas eleições autonómicas e municipais de 28 de Maio e da queda retumbante da Esquerda governamental, a maioria das sondagens apontava para uma vitória por maioria absoluta para a Direita nas eleições de 23 de Julho. No entanto, milhões de trabalhadores e jovens ergueram-se contra a possibilidade de um governo da direita e da extrema-direita do PP e do VOX, infligindo-lhes uma dura derrota eleitoral, da mesma forma que em Portugal foi infligida uma derrota à Direita nas eleições legislativas de 2022.