– Texto preparado para os panfletos para a manifestação “Nós fazemos o futuro” de 1 de Junho e para a marcha “Unidas contra o colapso” de 8 de Junho, ambas em Lisboa –
A cada dia vemos que o capitalismo só tem barbárie para oferecer: destruição climática e guerras! A economia capitalista foi e continua a ser construída com base na exploração dos trabalhadores e dos recursos naturais, visando a apropriação do valor por eles criado pelos proprietários dos meios de produção, os capitalistas, patrões ou acionistas. Para isso, vale tudo: a opressão e genocídio de povos para exploração de territórios e o sacrifício do futuro da humanidade!
A classe dominante, os seus governos e instituições, incluindo em Portugal, mostram repetidamente que não vão combater efetivamente a crise climática nem as guerras. Em vez de proteção ambiental, apoiam projetos fósseis, a indústria militar e a destruição e genocídio gerados pelo sionismo de Israel. Porquê? Porque o próprio sistema que defendem – o capitalismo – está na origem de todas as crises e sofrimento. Enquanto os povos sofrem com a guerra e a destruição climática, as despesas militares aumentam, os vendedores de armas fazem negócios, as empresas lucram com a ocupação da Palestina e os bancos e as empresas do sector energético batem recordes em lucros.
A transição justa atempada requer mudanças na produção e distribuição de recursos que só os trabalhadores podem concretizar. A conversão industrial faz-se sempre apoiada no know-how dos trabalhadores, mas quando a classe que detém os meios de produção o deseja. As ações “Robin dos Bosques” em França mostraram que quando é a classe trabalhadora a deter os meios de produção, todas as transformações são possíveis!
Libertação através da luta – parar o ataque a Gaza, lutar por um cessar-fogo e por uma mudança fundamental no sistema!
2 milhões de palestinianos em Gaza entram no nono mês de inferno na terra. Said Sweirki, residente de Shuja’iya, de 22 anos, diz: “Perdemos toda a dignidade por causa da guerra. Gritamos, morremos de fome e sozinhos. Vivemos sem as necessidades básicas da vida: sem eletricidade, sem água, sem combustível. Nós acordamos todas as manhãs em busca de água”. Ao longo de oito meses de inferno, o ataque da máquina de guerra israelita ao povo palestiniano matou mais de 36 mil pessoas, quase 25 mil das quais são mulheres e crianças – com armas fornecidas pelos imperialismos norte-americanos e europeus. A fome deliberada, a deslocação e os ataques criminosos a hospitais e a destruição de universidades e escolas são uma continuação da lógica do regime de ocupação, da expropriação colonial e da opressão nacional, liderada pelo capitalismo israelita e pelo imperialismo estado-unidense, usando como desculpa o desprezível ataque do Hamas a 7 de Outubro de 2023.
Um movimento de massas está a varrer o globo em resposta. Os maiores protestos anti-guerra desde 7 de Outubro em Israel e nos territórios ocupados estão a ter lugar desde que começou o mês de Maio, apesar da ameaça de repressão massiva. Há protestos regulares em Marrocos, no Egipto, na Jordânia, na Cisjordânia ocupada e em toda a região. Enquanto condenam o massacre, os regimes árabes da região que se aproximam do imperialismo estado-unidense intensificam a repressão do movimento. Por outro lado, enquanto o regime iraniano (e os seus parceiros – Xi Jinping e Putin) se apresenta como o defensor das vidas palestinianas, ao mesmo tempo aumenta a repressão assassina da resistência a nível interno. Nenhum destes regimes assassinos tem nada a oferecer ao interesse real dos palestinianos, ou um caminho a oferecer no caminho para a libertação dos trabalhadores e dos pobres da região.
Ocupações de escolas em todo o mundo indicam o poder das massas para impedir o massacre. Os estudantes enfrentaram repressão massiva, mais de 2.500 foram presos nos EUA e acampamentos enfrentaram ataques brutais de grupos organizados de extrema-direita. Também em Portugal as direções universitárias e a polícia reprimiram violentamente os protestos pacíficos pelo clima e pela Palestina na FPUL, na NMC e na FCUP. Mas o movimento mundial também recebeu mensagens de solidariedade de Gaza e algumas vitórias – várias universidades concordaram em desinvestir na indústria de armamento israelita.
O reforço do movimento exige a expansão da luta aos locais de trabalho. Nos últimos meses, trabalhadores de transportes e médicos em Espanha, Bélgica, Itália e muitas outras regiões lideraram greves e recusaram-se a enviar remessas militares para Israel. Também em Portugal precisamos de construir um movimento dos trabalhadores que apoie as ocupações e se junte à luta contra o massacre.
Por Fim ao Fóssil e Fim ao Genocídio:
- Precisamos de nos unir e organizar nos nossos locais de trabalho, escolas e universidades, discutir como podemos apoiar a luta e organizar greves e ações de solidariedade por cessar-fogo, contra a repressão política, o racismo, a divisão, a opressão e a destruição climática em todo o mundo.
- As organizações de trabalhadores, a começar pela CGTP, devem solidarizar-se com os protestos estudantis reprimidos e usar a sua força contra a repressão estatal.
- A transição energética não pode ficar nas mãos do mercado e dos interesses imperialistas. Não controlamos o que não possuímos! Nacionalização e controlo dos trabalhadores e consumidores sobre os setores essenciais para uma transição justa e rápida: energia, transportes e banca. Por serviços públicos de qualidade de energia e transportes não poluentes!
- Contra a mentira de ‘empregos vs clima’, criação de milhões de empregos com direitos e reconversão industrial sob controlo dos trabalhadores para uma economia planeada sustentável.
- Solidariedade dos profissionais da saúde e da educação é necessária face aos ataques brutais em Gaza e à destruição de instalações de saúde, à prisão e ao massacre de profissionais de saúde, e à redução a escombros de universidades e escolas.
- Não ao armamento dos massacres! Controlo operário de toda a produção e transporte de armas. Cabe à classe trabalhadora decidir quem deve ou não receber armamento. Em vez de armamento, investimento no clima, na saúde e na educação.
- Abertura pública das contas dos governos e empresas. Fim de todos os investimentos que contribuam para o ataque a Gaza, para a vigilância, a ocupação, a repressão política e o policiamento em Israel e na Palestina!
- Coordenação de greves internacionais que pela paragem da economia pressionem os governos que apoiam Israel e o próprio capitalismo israelita, exigindo Acordo de cessar-fogo permanente, todos por todos (todos os reféns e presos políticos palestinianos).
- Não ao escalamento das guerras – não ao imperialismo, não à militarização, seja nos EUA e na UE ou no Irão, na China e na Rússia!
- Não à repressão estatal política e racista! União na luta contra todas as formas de racismo e opressão, contra a islamofobia, o anti-semitismo e a extrema-direita!
- Entrada imediata e massiva de alimentos, água, medicamentos, produtos sanitários e ajuda em Gaza. Investir massivamente na reconstrução, nas suas infra-estruturas, escolas e hospitais. Pago pela expropriação da indústria armamentista e de todos aqueles que beneficiam do imperialismo e da exploração, no interesse das necessidades reais das massas em vez dos lucros dos ricos.
- Por uma luta de massas democraticamente organizada a partir de baixo, no espírito da greve pela dignidade de 2021 e da primeira Intifada para acabar com a ocupação, o cerco e a opressão nacional do povo palestiniano. Pelo direito à autodeterminação das comunidades nacionais do Médio Oriente e pelo controlo dos trabalhadores sobre os recursos da região – por uma mudança socialista em todo o mundo que possa oferecer uma vida com dignidade, paz e prosperidade.
Se o mercado “livre” da desordem e da defesa da propriedade privada é incapaz da transição justa e da paz, a planificação económica com propriedade pública dos meios de produção e distribuição, em que as decisões são tomadas pela classe trabalhadora – a maioria da população que tem interesse no fim da guerra, da pobreza, das desigualdades, das opressões e da destruição climática -, é a única forma eficaz de as concretizar! Numa sociedade socialista, o investimento não é feito para o lucro mas para a satisfação das necessidades do conjunto da sociedade.
A Alternativa Socialista Internacional participa nos movimentos por cessar-fogo, pela libertação palestiniana e contra a destruição climática em todo o mundo, da Irlanda à África do Sul, dos EUA à Índia, do Brasil a Israel/Palestina. A nossa luta é Internacional, por uma alternativa socialista ao sistema explorador, destruidor, sexista e racista capitalista.